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FERNANDO SYLVAN
( TIMOR LESTE – ÁSIA )
( 1917 – 1993 )
Nasceu em Dili, Timor-Leste, mas mudou-se ainda menino para Portugal. É poeta, dramaturgo e ensaista e presidiu a Sociedade de Língua Portuguesa, em Portugal.
Fernando Sylvan, pseudónimo de Abílio Leopoldo Motta-Ferreira, foi um poeta, prosador e ensaísta timorense.
Nascimento: 26 de agosto de 1917, Díli, Timor-Leste.
Falecimento: 25 de dezembro de 1993, Cascais, Portugal.
Livros: Jentayu - Numéro 6 - Amours et Sensualités. Mesmo distante, Sylvan participou da resistência timorense. Seus poemas retratam sua infância e as tradições de seu povo.
Sylvan é reconhecido como um dos grandes poetas da língua portuguesa.
TIMOR-LESTE. ANTOLOGIA POÉTICA. O LIVRO NA RUA 8. SÉRIE Literatura em Língua Portuguesa. Organizadora Cleide Cristina Soares. Inclui os poetas Afonso Busa Metan, Fernando Sylvan, Francisco Borja da Costa, Jorge Barros Duarte, Xaba Gusmão (José Alexandre Gusmão ou Kay Rala Xanana Gusmão. Editor Victor Alegria. Brasília, DF: Thesaurus Editora, sem data. 10,5 x. 14,5 cm
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
MENINAS E MENINOS
Todos já vimos
nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão
retratos de meninas e meninos
a defender a liberdade de armas na mão.
Todos já vimos
nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão
retratos de cadáveres de meninos e meninas
que morreram a defendera a liberdade de armas
[na mão.
Todos já vimos!
E então?
INFÂNCIA
as crianças brincam na praia dos seus pensamentos
e banham-se no mar dos seus longos sonhos
a praia e o mar das criança não têm fronteiras
e por isso todas as praias são iluminadas
e todos os mares têm manchas verdes
mas muitas vezes as crianças crescem
sem voltar à praia e sem voltar ao mar.
CORRIGENDA
Nenhum povo é grande por ter apenas fastos a contar,
Mas pelas liberdades que souber viver
E pelo amor que tiver para dar.
MENINO JESUA DA MINHA COR
Meu Natal Timor,
Meu primeiro Natal.
Quanto anos tinha?!
Nunca o soube ao certo.
Minha Mãe-Menina
Fez-me o seu presépio:
Uma encosta arrancada ao Ramelau
Com uma gruta ausente
Cheia de Maromak
E perfume de coco,
Um búfalo e um kudá 1
E o bafo quente dos seus pulmões.
E um menino sobre a palha de arroz
E folhas de cafeeiro.
1 Kuda = Pequeno cavalo.
***
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
— Inan 2, quem é?
— É o Maromak 3 — Filho e teu Irmão!
E eu recuei, porque via no berço
Um menino rosado.
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
— Ele é, mais do que todos, teu irmão...
— Mas como pode ser um meu irmão
— É teu Irmão; Firma-lhe bem teus olhos,
[meu Amor!
E eu, obedecendo,
Firmei-me todo nÊle.
E vejo-O desde então
Também da mina cor.
2 Inan = mãe.
3 Maronak = Deus.
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